Sónia e Bruno
Pela manhã, deixei para trás Valença e lá fui com vista a avistar Viana, uma cidade que a todos, os de casa, nos tem atracados e aonde, quer o destino, sempre voltamos… O Carlos e a Maria João estavam à minha espera para palmilharmos ruas que conhecem bem, ruas de passagem, outras… palco de paragens e acontecimentos, mas antes bebericou-se um café no mui conhecido Zé Natário. Do sol vinha um calor morno, perfeito para, numa esplanada, soltar os ponteiros do relógio e o tempo fazer desandar, de um outro lado a cidade resmungava num ronco de centenas, quem sabe, milhares de motas que a tinham tomado. Levantámo-nos dali, e fomos indo, com o sorriso da João a largar rastro…
Em cada canto, Viana cheira-lhes a outrora e tem travo de saudade, em cada banco um parênteses longo, mudo e surdo… simplesmente selado com um olhar ou um sorriso mais “metido para dentro”. Para Lisboa levam Viana, no jeito e trejeitos de ser, assim os conhecem por lá, assim os distinguem e adivinham quando ouvem este linguajar que não se cuida de espartilhos. Envio-vos as minhas fotos, para Lisboa, de Viana…
Até sempre!
Em breve, vou fotografar o casamento da Cátia e do Tiago, aspirar (espero eu) os melhores momentos para dentro da máquina, e entregar-lhes, no final, uma recordação para a vida… um álbum fechado onde tudo, sobre o feitiço de estátua, irá passar a mexer-se e ganhar vida por todas as vezes que eles o abram, e folheiem…
Era fim-de-semana, estava um dia de céu indeciso, daqueles em que tanto apetece o conformismo do sofá e, no lar, negligenciar posturas, vestuário, poses e toda essa série de cruzinhas protocolares… Liguei à Cátia, hesitamos, estivemos para não sair à rua, estive para não os fotografar, mas assim, tal e qual… descurámos as minudências, aceitámos a descontracção e de cara lavada… simplesmente fomos, higienizados de qualquer pré-produção, com amor e liberdade como Abril…
Até Maio, pelo 17 da agenda, um abraço meu…
“Cada um é como cada qual”, costumo insistir, persistir nesta frase com aqueles que me rodeiam, pelo que o seu tom mastigado já anda perto da pregação, e, ainda para mais, sem os efeitos esperados. Resolvi trazê-la para aqui e defendê-la as vezes necessárias, no trabalho que faço e quero fazer. Peço-vos a ideia simples de serem só e só vocês próprios porque procuro embutir na minha fotografia o que mais vos define.
A Margarida e o Bruno sentem-se nestas fotos e, mais do que isso, é como se, aqui, se dessem a conhecer. Enquanto fazemos correr a página, e vamos descendo de imagem em imagem, vêm ter connosco palavras soltas… que cozidas umas às outras são pura narrativa. Por isso, em nome desta belíssima tarde em que nos hospedamos na Natureza e todos os seus encantos empalmamos, remato com um forte abraço a estes meus amigos.
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